Tese (Doutorado) - 2000
Autor: Sheila Schvarzman
Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas
Resumo
O trabalho analisa a obra do cineasta Humberto Mauro (1897-1983), procurando enfocar a construção de imagens cinematográficas sobre o Brasil durante os 50 anos em que produziu filmes (1925-1974), passando pelo Cinema Regional em Cataguases (1925 a 1929); a produção e o contato com Adhemar Gonzaga através da Revista Cinearte e nos Estúdios da Cinédia (1926-1933); os filmes da Brasil Vita Filmes (1934-1936); até a atividade desenvolvida no Instituto Nacional de Cinema Educativo, primeiro órgão federal a se dedicar à produção cinematográfica realizando filmes educativos a partir de 1936, sob a direção do antropólogo Edgar Roquette Pinto. Nos anos 50, Mauro prossegue o seu trabalho num INCE já desvinculado do ideário modelador anterior, e a paisagem, o meio rural e a música tornam-se predominantes. Nesse mesmo momento e sobretudo nos anos 60, ele é apropriado por cineastas e críticos ligados ao Cinema Novo, como pai e matriz do cinema brasileiro. De criador de matrizes de brasilidade no cinema, Mauro torna-se ele mesmo uma matriz. O significado dessa apropriação e seus desdobramentos na própria historiografia do cinema brasileiro, no trabalho de Paulo Emílio Salles Gomes: "Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte" é também questionado, já que essa visão, compartilhada pelo Cinema Novo, acabou por consagrar divisões e atributos de autenticidade e inautenticidade nacional à produção cinematográfica do país. Portanto, a obra e a sua apropriação crítica e historiográfica servem de documentos sobre a construção de 3 diferentes utopias de construção da nação a partir do cinema: a de modernização com Adhemar Gonzaga no fim dos anos 20, o cinema educativo nos anos 30 e por fim o Cinema Novo nos anos 60."
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